A Gênese Institucional da Terceira Edição Típica

A Gênese Institucional da Terceira Edição Típica

 

Em 20 de abril de 2000, quinta-feira santa, o papa São João Paulo II promulgou uma edição renovada do Missal Romano. Na prática trata-se da editio typica tertia do Missale Romanum, em precedência, promulgado a partir do Concílio Vaticano II com o papa São Paulo VI. O missal não é uma simples reimpressio emendata, mas uma nova editio typica com acréscimos, modificações substanciais e melhoras da precedente edição. É um grande trabalho de equipe, enriquecido pela contribuição de várias pessoas e organismos, revelando a força semper reformanda da Igreja.

A nova edição, publicada trinta anos depois da editio typica e mais de vinte cinco anos da editio typica altera, é resultado de um longo processo eclesial e de trabalho da até entãoCongregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos, iniciado em 1996. Na verdade, a iniciativa de redigir uma nova edição do Missal foi encorajada na Plenária da Congregação em 1991.

Os Padres concordaram com tal projeto conscientes da necessária atualização do livro litúrgico, depois de alguns anos da última edição. Uma nova edição fazia-se necessária não apenas para acrescentar os novos formulários das Missas, mas também na perspectiva de adequar as normativas canônicas do Código de Direito Canônico, e de consolidar as disposições litúrgicas da Santa Sé posteriores à 1975. Os princípios foram acompanhados pela certeza de que a renovação dos livros litúrgicos deveria responder aos sinais dos tempos e as exigências culturais dos homens.

O papa São João Paulo II, no discurso de abertura da Plenária da“Congregação”, recordou que o Concílio Vaticano II determinou uma nova estação na vida da Igreja e que as reformas produzidas no campo teológico, litúrgico e ritual, respondem às necessidades dos homens do nosso tempo e estimulam a uma reavaliação das imensas riquezas que a nossa Igreja conserva das Tradições e das experiências culturais provenientes de inteiras gerações que foram progressivamente transformadas em cristãs.

A simplificação operada nos ritos nos permite perceber, com mais facilidade, os sinais sensíveis e os gestos, as palavras e as atitudes, sobretudo, as mais relevantes. Tal simplificação serve para nos conduzir para o que a celebração deve ser e assimilar a actuositas liturgicadesenvolvida pelas virtudes teologais.

Na tentativa de esclarecer os equívocos e contribuir com uma correta formação, ajudando o povo de Deus a abandonar as formações paralelas, é preciso esclarecer que a edição atual atende aos critérios de fidelidade absoluta, inclusive, excluindo as melhores de ordem literária da precedente edição que pareciam legítimas. A nova edição respeita tanto a lex supplicandi sacra, venerável e imutável quanto a lex credendi.

Desse modo, falar de uma terceira edição do Missal não significa pensar um “novo” missal, mas tornar o Missal da Igreja Romana ainda mais capaz de oferecer a todo o povo de Deus o nutrimento da fé e da piedade necessário para a santificação dos homens e a glorificação de Deus que deve nascer da ação litúrgica e da vida de todos os fiéis.

O Missal Romano é uma excelente contribuição para uma permanente formação litúrgica e espiritual. A renovação e a formação litúrgica tem como finalidade favorecer a compreensão do verdadeiro sentido das celebrações na Igreja. A ação ritual, com as suas objetividades, põe a comunidade a salvo dos subjetivismos, resultado da prevalência de sensibilidades individuais, e de culturalismos, aquisições acríticas de elementos culturais que nada tem a ver com um processo correto de inculturação (DD 49).

Dessa forma, a grande tarefa da formação sacramental-litúrgica é combinar originalidade da experiência, força da personalidade e especificidade de sentimento com disciplina e obediência ao real. Assim, o Missal é um texto para ser compreendido, estudado e tocado como um instrumento insubstituível de formação espiritual e pedagogia pastoral, necessário tanto para o presidente da celebração, como para toda a assembleia. É um texto para ser rezado e meditado pois ele é a fonte de nutrimento de uma espiritualidade eclesial ativa e permanente.  

Comissão Episcopal para a Liturgia

Referências Bibliográficas

BARBA, M. La genesi istituzionale della terca edizione tipica, in Notitiae 38, 2002, p. 56-62.

GUARDINI, R. Formação litúrgica. São Paulo: Carpintaria, 2023.

KOLLER, F. Relançar a tarefa da formação litúrgica hoje: lendo Desiderio Desideravi a partir da Formação Litúrgica de Guardini. Encontros Teológicos, Florianópolis, v.38, n.1, jan.-abr. 2023, p. 17-43.  

MARQUES, L. A autêntica formação litúrgica, in https://www.asli.com.br/artigos/a-autentica-formacao-liturgica. Acessado em: 02/10/2023.

Uma tradição ininterrupta II

Uma tradição ininterrupta II

 

Em 1564, Pio IV († 1565) nomeou uma comissão para uniformização da missa e das rubricas. O seu sucessor, Pio V († 1572), a alargou e este, depois de ter publicado o Breviário em 1568, se empenhou na publicação do Missal. Não se criou um novo Missal, apenas retocou-se o de 1474, fazendo com que os textos estivessem de acordo com o Breviário editado anteriormente, coisa nunca acontecida antes. Ao Missal precediam “As rubricas gerais do Missal” e as observações sobre “O rito a ser observado na celebração da missa”. O Missal foi promulgado por meio da constituição apostólica Quo primum tempore (Desde os primeiros tempos), de 14 de julho de 1570. A constituição fala da unidade do Breviário e do Missal para que seja, na única Igreja, um único modo de salmodiar e de celebrar a missa e, além disso, declara ser o Missal obrigatório para todas as igrejas de rito latino, tanto na celebração solene, quanto na celebração privada da missa.

O MR tridentino tem a seguinte estrutura: se abre com a constituição apostólica de Pio V Quo primum tempore, ao que sucede as seguintes sessões: As rubricas gerais; o Ritus servandus; Os defeitos (falhas a se evitarem) durante a missa; As orações de preparação do padre para a missa; As orações de ação de graças para depois da missa; Outras orações que o padre poderia usar, dependendo da oportunidade; Elenco das letras dos domingos; Sobre os novilúnios; Sobre o ano e as suas partes; Esclarecimento sobre o calendário; Tabela perpétua (festas fixas); o Próprio do Tempo (do Advento até o Sábado Santo); o Ordinário da Missa; a segunda parte do Próprio do Tempo (do Domingo da Páscoa até o XXIV depois de Pentecostes); o Próprio dos Santos, começando pela vigília de Santo André (29 de novembro); o Comum dos Santos; o Aniversário da dedicação de uma igreja; as Missas votivas; a Missa para os esposos; as Orações para serem ditas ad Libtum pelo sacerdote; as Missas dos defuntos; Bênçãos diversas.

Já durante os trabalhos de impressão do MR de 1570 foram operadas modificações e correções nos textos eucológicos, nos cânticos, na terminologia e nas rubricas. Seguiram outras intervenções textuais na edição de 1571 e outras por obra de Clemente VIII († 1605), em 1604, e de Urbano VIII († 1644), em 1634. Entre o fim do séc. XVII e o início do séc. XVIII, a França conheceu um pulular de Missais. O retorno da França ao MR se deu graças ao trabalho do beneditino Dom Guéranger († 1875), abade de Solesmes. Novas intervenções foram feitas no MR tridentino: por Leão XIII († 1903), em 1884; por Pio X († 1914) – Bento XV († 1927), em julho de 1920, depois da promulgação do Código de Direito Canônico de 1917; e, finalmente, por João XXIII († 1963), em 1962, alguns meses antes da abertura do Concílio Vaticano II.

A constituição conciliar Sacrosanctum Concilium, com o objetivo de tornar possível a participação ativa, consciente e plena de todo o povo de Deus no Mistério Pascal de Cristo, celebrado nos ritos e nas preces (cf. SC 47-48), ordenou uma série de profundas modificações no Ordinário da Missa (cf. SC 50). Assim, a reforma litúrgica não criou outros livros, mas levou à perfeição os livros da Tradição antiga e recente (Missal, Breviário, Pontifical e Ritual Romanos). Os livros renovados apresentam-se: 1. Autenticamente romanos, porque recuperam todos os sacramentários romanos, e consequentemente as tradições urbanas e papais/episcopais da Antiguidade, tanto nas suas formas puras (Veronense, Gelasiano Vetus, Gregoriano/ Adrianeu), quanto nas suas formas mistas (síntese entre o Adrianeu/Suplemento e o Gelasiano-franco do VIII século [Gelasianum Vetus + Gregoriano de tipo “Paduense” + usos galicanos + usos monásticos]); recuperam e espelham a genialidade da sobriedade ritual, própria do Rito Romano; fazem voltar à luz o verdadeiro sujeito do rito cristão, o povo de Deus reunido em torno dos seus pastores, que celebra no Espírito Santo, como atesta o venerável Cânon Romano, para isso retomam toda a dimensão epiclética que se tinha perdido; retiram da obscuridade o seu objeto, o mistério pascal de Cristo, que, mencionado apenas duas vezes no Missal na sua forma tridentina, consta, agora, não menos de vinte e sete vezes; 2. Excepcionalmente tradicionais (de sempre), colhendo, desde as estruturas apresentadas pelas mais antigas fontes da liturgia (Didaqué, Justino…), de todos os tempos (orações recolhidas dos textos patrísticos, de textos pré-sacramentais [rolo de Ravena…], de sacramentais, de manuscritos e impressos); 3. Verdadeiramente “católicos”, porque enriquecidos por textos de praticamente todas as famílias litúrgicas ocidentais (ambrosiana, benevetano, galicana, celta, hispânica, monástica) e orientais (antioquena e alexandrina com todas as suas ramificações) e traduzidos em todas as línguas vivas espalhadas pelo mundo cristão.

Essa visão mais ampla nos permite perceber como o Espírito Santo concede ao povo de Deus uma admirável fidelidade na conservação do imutável depósito da fé, apesar da enorme variedade de orações e ritos (IGMR 9). Desse modo, esse breve excurso histórico nos faz saltar aos olhos o grande valor do “Ordinário da Missa” renovado pelo Concílio Vaticano II e registrado no livro de oração por excelência da Igreja, o MR, com a sua riqueza eucológica, adaptações, restituição da centralidade da assembleia, da sua participação, da centralidade do Mistério Pascal de Cristo, etc. O MR “repaginado” é o fruto maduro do Concílio Vaticano II porque evidencia a teologia litúrgica da Sacrosanctum Concilium, a eclesiologia da Lumen Gentium, a teologia da palavra de Deus da Dei verbum… a abertura a todos os povos do decreto Ad Gentes.

Não há nada mais falso do que promover uma oposição entre o Missal de Pio V e o Missal de Paulo VI. Assim, um passo atrás, recuperando algumas etapas da história, nos ajuda a compreender melhor o nó das questões problemáticas e apontar linhas de abertura que promovam uma verdadeira “reconciliação litúrgica”. É a partir do Missal Romano (lex orandi) que vemos o desenvolvimento orgânico da liturgia (lex credendi). Por isso, é o retorno “ad fontes” que nos ajuda a recuperar o sentido teológico da liturgia, pois desde sempre, somos celebrantes do mesmo Mistério, esquecido em algum tempo, mas plenamente recuperado pelo Concílio Vaticano II.

Comissão Episcopal para a Liturgia

Referências bibliográficas

BECKHAUSER, A. Os livros litúrgicos em vernáculo no Brasil: memória de complicado processo, in SILVA, J. Ariovaldo; SIVINSKI, M. (eds.). Liturgia, um direito do povo. Petrópolis: Vozes, 2001. p. 64-95.

PAULO VI, Constituição Apostólica Missale Romanum, in Missal Romano. 3.ed. Brasilia: Ed. CNBB, 2023, p. 15-17.
PEREIRA, J. O Missal Romano: livro do povo de Deus em oração, in Revista de Liturgia, n. 289, jan./fev. 2022, p. 4-9.

SORCI, P. Il messale romano come strumento della tradizione celebrativa, in GIRAUDO, Cesare (ed.). Il messale romano: tradizione, traduzione, adattamento. Roma: Ed. Liturgiche, 2003, p. 37-78.

Uma tradição ininterrupta

Uma tradição ininterrupta

 

Há 60 anos, o Concílio Ecumênico Vaticano II, promulgando a Constituição que se inicia com as palavras Sacrosanctum Concilium, lançou os fundamentos da reforma geral do Missal Romano: ele estabeleceu, primeiramente, que os textos e ritos sejam ordenados de modo a exprimirem mais claramente as realidades sagradas que significam (SC 21); depois que o Ordinário da Missa seja revisto para manifestar melhor o sentido de cada uma de suas partes e a conexão entre elas, e para facilitar a participação piedosa e ativa dos fiéis (SC 50); que se prepare uma mesa mais abundante da Palavra de Deus, abrindo-lhes largamente os tesouros bíblicos (SC 51); enfim, que se elabore o novo rito da concelebração a ser inserido no Pontifical e no Missal Romano (SC 58). Esta renovação do Missal Romano não foi feita de modo improvisado, pois o seu caminho foi preparado pelo progresso das disciplinas litúrgicas dos últimos séculos.

A principal novidade da reforma está na chamada Oração Eucarística. Embora, no Rito Romano, a primeira parte desta oração, o Prefácio, tenha conhecido diversos formulários através dos séculos, a segunda parte, que é chamada de Cânon da Ação, conservou sempre a mesma forma que foi fixada entre os séculos IV e V. Quanto ao Ordinário da Missa, alguns aspectos foram simplificados, conservando-se cuidadosamente a substância. Deixou-se também de lado “tudo que foi duplicado no decurso dos tempos ou acrescentado sem verdadeira utilidade”, sobretudo nos ritos da oblação do pão e do vinho, da fração do pão e da comunhão. Assim foram restaurados, segundo a primitiva norma dos Santos Padres, alguns ritos que tinham caído em desuso (SC 50), tais como a homilia (SC 52), a oração universal ou dos fiéis (SC 53), e o rito penitencial ou de reconciliação com Deus e com os irmãos no início da Missa, devidamente valorizado.

A pré-história do MR funda suas raízes na narrativa de uma celebração eucarística do segundo século, escrita por São Justino, mártir († 165), e na Tradição Apostólica, atribuída a Hipólito romano († c. 236), escrita por volta de 215/17, testemunhas de um período de improvisação litúrgica, e se estende até a compilação dos libelos, ou folhetos, da catedral de São João do Latrão, em Roma, os quais continham as orações presidenciais para uma celebração eucarística, numa obra chamada de Sacramentário Veronense, e passa pelos primeiros sacramentários: o Gelasiano Antigo (Gelasianum Vetus), o Gregoriano e o Gelasiano na Gália, atual França. Ela também abarca o nascimento dos primeiros lecionários, dos graduais e dos Ordines (diretórios litúrgicos). A multiplicidade de livros testemunha uma celebração litúrgica entendida como uma sinfonia onde cada ministro – bispos, leitores, diáconos, cantores – exerce o seu próprio ministério e o povo participa ativamente por meio de aclamações, cantos, oferta e comunhão.

O Missal, propriamente dito, vem à luz a partir do século IX, no ambiente franco-germânico. A evolução da eclesiologia vai concentrando lentamente a ação litúrgica nas mãos do “sacerdote”, daí, entre outras coisas, o crescimento das missas privadas, o que leva à necessidade de um único livro contendo todos os textos de que um único ministro precisava para que ele pudesse “dizer a sua missa”. Na descrição ritual, a atenção se concentra no papel do “sacerdote celebrante” e muito menos nos ministros, e muito menos ainda na assembleia, que termina por desaparecer completamente, inclusive das rubricas. A partir do século XI, o “celebrante” se sente no dever de ler/recitar a baixa voz os textos cantados pelo coro e as leituras feitas pelos subdiáconos e diáconos. No século XI nasce, efetivamente, o Missal, chamado plenário. Os monges foram os primeiros a usarem esses livros e, por seu intermédio, esse novo tipo de livro litúrgico entrou na Itália. É nesse contexto que nasce o Ordo Missae (Ordinário da Missa). O Ordo utilizado pela Cúria Romana no tempo dos papas Inocêncio III (papa entre os anos de 1198 e 1216) e Honório III (papa entre os anos de 1216 e 1227), demostra que o sistema germânico já estava consolidado em Roma no séc. XIII.

 

Comissão Episcopal para a Liturgia

Referências bibliográficas

PAULO VI, Constituição Apostólica Missale Romanum, in Missal Romano. 3.ed. Brasilia: Ed. CNBB, 2023, p. 15-17.
PEREIRA, J. O Missal Romano: livro do povo de Deus em oração, in Revista de Liturgia, n. 289, jan./fev. 2022, p. 4-9.

SORCI, P. Il messale romano come strumento della tradizione celebrativa, in GIRAUDO, Cesare (ed.). Il messale romano: tradizione, traduzione, adattamento. Roma: Ed. Liturgiche, 2003, p. 37-78.

O Missal, livro de oração da Igreja

O Missal, livro de Oração da Igreja

 

Fundamentado na Palavra de Deus, o Missal é o conjunto daqueles textos nos quais a Igreja reconhece sua fé e com os quais se identifica. Ele testemunha a unidade entre a oração da Igreja (lex orandi) e a fé da Igreja (lex credendi). Sendo compreendido como ordo orationis, isto é, como norma das palavras (textos) e norma dos gestos (rito) é, portanto, o lugar testemunhal da relação entre lex orandi e lex credendi. Desse modo, é a oração que indica a justa maneira de crer.

A Igreja sentiu que nem todas as orações podiam ser oração litúrgica, por isso, aquilo que não foi inserido nos eucológicos, sacramentários e missais antigos não possui o estatuto de oração litúrgica. O Missal Romano como o conhecemos hoje, contendo orações presidenciais, antífonas, hinos, é uma herança medieval, nascida da antiga arte da liturgia de saber costurar formas e fórmulas. Com isso, a Igreja quando nos entrega o Missal, nos diz: aqui e não em outro lugar está contida a nossa forma de oração.

Se as Escrituras e a Tradição são a regula fidei, o Missal é, certamente, a regula orationis, isto é, o modelo, o critério, a norma da oração cristã. Ele ensina a gramática da oração: o que é a oração do cristão, a quem dirigir a oração, como ela se formula, o que pedir. Nesse sentido, o Missal é o instrumento que guarda a impressão originária da oração cristã, de modo que a oração de cada cristão possa ser a reprodução fiel e a imagem originária.

A constituição conciliar Sacrosanctum Concilium, com o objetivo de tornar possível a participação ativa, consciente e plena de todo o povo de Deus no Mistério Pascal de Cristo, celebrado nos ritos e nas preces da liturgia (cf. SC 47-48), ordenou algumas modificações no Ordinário da Missa (cf. SC 50). Assim, decretou que fosse “revisto” para dar mais sentido e clareza à sequência ritual (Ritos Iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia Eucarística, Ritos da Comunhão e Ritos Finais), bem como às suas conexões. Para isso, era necessário conservar a substância dos ritos, simplificar, suprimir os acréscimos duplicados ao longo dos séculos, restituir alguns elementos perdidos da tradição.

O Missal reformado por vontade do Concílio Vaticano II, promulgado no dia 26 de março de 1970, com uma segunda edição típica lançada em 1975 (editio typica altera), foi preparado gradativamente. Novidade absoluta trazida pelo Concílio Vaticano II, a possibilidade da celebração dos divinos mistérios nas línguas locais encontrou grande receptividade em todos os povos. A versão “brasileira” do Missal veio à luz em 1973, sendo dom Aloísio Lorscheider († 2007) presidente da CNBB e dom Clemente Isnard († 2011) presidente da Comissão Nacional de Liturgia, e começou a ser usada no primeiro domingo do Advento daquele ano, enquanto a segunda edição, atualmente em uso, calcada sobre a segunda edição típica latina de 1975, só apareceu em 1992.

A Igreja no Brasil espera, com uma certa ânsia, que venha à luz a terceira edição típica em língua “brasileira”. Desse modo, aqui queremos apresentar alguns detalhes do sentido teológico, do percurso histórico e da eficácia sacramental desse livro litúrgico que acompanha a vida das nossas comunidades de fé, servindo como o modelo da nossa prática celebrativa do Mistério Pascal de Cristo.

Comissão Episcopal para a Liturgia

Comissão para a Liturgia e Edições CNBB lançam formação online sobre a terceira edição típica do Missal Romano

Comissão para a Liturgia e Edições CNBB lançam formação online sobre a terceira edição típica do Missal Romano

 

A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em parceria com a Associação dos Liturgistas do Brasil (ASLI) e Edições CNBB lançaram a formação: “A Igreja em Oração – formação continuada sobre a tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano”. A formação estará disponível a partir do dia 10 de outubro.

Dom Hernaldo na cerimônia de lançamento do Missal. | Foto: Luiz Lopes – Ascom CNBB.

O bispo de Bonfim (BA) e presidente da Comissão, dom Hernaldo Pinto Farias, explica que trata-se de uma proposta de formação, baseada em vídeo-aulas com especialistas em liturgia e membros das Comissões de Liturgia e para os Textos Litúrgicos (Cetel) da CNBB. O curso tem o objetivo de promover, na Igreja no Brasil, uma boa acolhida do Missal Romano.

“Participe desta formação, procure e acesse nossos vídeos para que o Missal seja bem acolhido e a celebração do mistério de Cristo, na Eucaristia, seja cada vez mais uma experiência amorosa de assentarmo-nos à mesa com o Ressuscitado”, convocou. 

Dom Hernaldo reforça que o Papa Francisco na carta apostólica Desiderio Desideravi, sobre a formação litúrgica do povo de Deus, diz que sem uma adequada formação litúrgica ainda persistirão as atitudes arbitrárias na liturgia.

Sobre a formação

A formação online, organizada em uma plataforma digital estruturada pela Edições CNBB, é composta de 10 aulas conduzidas por especialistas em liturgia, nas quais são apresentados os princípios da sagrada liturgia e as principais mudanças da terceira edição típica do Missal Romano.

Os participantes que cumprirem todo o itinerário formativo receberão um certificado do Departamento de Teologia da PUC do Rio de Janeiro. Para participar, é necessário que os interessados acessem a plataforma (aqui) e se inscrevam. A formação tem uma taxa de R$ 25,00

Conteúdos do curso

Contextualização da III edição típica do MR

CETEL e o trabalho dos 20 anos

A Instrução Geral do Missal Romano

O Próprio do tempo e os ritos iniciais

Liturgia da Palavra

Liturgia Eucarística

Oração Eucarística

Música na Liturgia a partir da SC e IGMR

O Espaço litúrgico

Questões práticas: gestos e posturas em vista da unidade

Inscreva-se:

cursosedicoescnbb.com.br

 

 

CNBB lança, em reunião do seu Conselho Episcopal Pastoral, a tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano

Foi lançada na reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na terça-feira, 19 de setembro, a tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano, segundo livro litúrgico mais importante na liturgia da Igreja depois do Evangeliário. O lançamento foi transmitido pela Rede de Vida de televisão e redes sociais da CNBB e Edições CNBB.

Membros da mesa no lançamento do Missal Romano. | Fotos: Luiz Lopes – Ascom CNBB.

Organizada pela Assessoria de Comunicação, Edições CNBB e Comissão Episcopal para a Liturgia, a cerimônia contou com a participação do Núncio Apostólico do Brasil, dom Giambattista Diquattro, do arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler, do bispo auxiliar de Brasília, secretário-geral e presidente da Edições CNBB, dom Ricardo Hoepers e do presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB, o bispo de Bonfim (BA), dom Hernaldo Pinto Farias.

O presidente da CNBB definiu o lançamento da terceira edição típica do Missal Romano como um “marco histórico” da caminhada da Conferência dos bispos e da Igreja no Brasil. “Devemos e precisamos reconhecer o imenso trabalho desenvolvido ao longo de quase duas décadas para que esta nova tradução do Missal se tornasse realidade”, disse.

Dom Jaime Spengler agradeceu o trabalho da Comissão de Tradução dos Textos Litúrgicos (Cetel), com destaque ao arcebispo emérito de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio, falecido dia 26 de julho deste ano. Agradeceu também o empenho da equipe da Edições CNBB na cuidadosa edição da publicação. “A Igreja que reza, a Igreja orante se inspira no passado, se expressa no presente e olha para o futuro. A liturgia antes de um raciocinar é um ser, antes de um fazer é um crer e viver”, disse.

Percurso da reforma conciliar

Detalhes da publicação do Missal Romano. | Fotos: Luiz Lopes – Ascom CNBB.

O Núncio Apostólico do Brasil, dom Giambattista Diquattro, enalteceu o fato de a CNBB lançar a tradução da terceira edição típica do Missal após os 50 anos da primeira publicação do Missal Romano por Paulo VI.

O representante do Papa Francisco destacou que o resultado do trabalho reflete a orientação traçada pelo Concílio Vaticano II sem deixar de respeitar a tradição e o legítimo progresso nos livros litúrgicos. “Esta edição representa, portanto, a última etapa no caminho da Igreja fiel ao percurso traçado pela reforma conciliar”, disse.

Durante a cerimônia, foi apresentado, em um vídeo, o passo a passo da tradução, processo que levou 19 anos de trabalho. A jornada começou após a promulgação, em 2002, pelo Papa João Paulo II, da nova edição típica. Desde então, foram anos de intenso trabalho de tradução, revisão e aprovação do conteúdo do Missal, coordenados pela Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel). A terceira edição típica do Missal Romano foi aprovada pelos bispos na 59ª Assembleia Geral da CNBB e encaminhada ao Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em dezembro de 2022. A confirmação da Santa Sé foi publicada no dia 17 de março deste ano.

Confira, no vídeo abaixo, o passo a passo da tradução

 

Beleza da liturgia e dos ritos da Igreja Católica

O presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB, o bispo de Bonfim (BA), dom Hernaldo Pinto Farias fez referência aos colaboradores e peritos da tradução, fruto de um trabalho que definiu como verdadeiramente sinodal. “Foi muito importante a revisão da tradução do missal para fazer aparecer na liturgia a riqueza teológico-litúrgica. Neste Missal, encontraremos o que é a celebração eucarística, sacramento maior da vida da Igreja”, disse.

O bispo, que também foi membro da Cetel, disse que a tradução respeitou a tradição cristã da Igreja uma vez que cuidou de textos das orações que são do primeiro século da Era Cristã e carregam uma teologia da Eucarístia e também uma atitude de obediência à Igreja, o que requer uma formação litúrgica para superar intervenções arbitrárias que podem ser cometidas na liturgia.

“Esse Missal, portanto, é fruto das decisões do Concílio Vaticano II sob as autoridades dos Papa Paulo VI e João Paulo II. É a única Lex Orandi do Rito Romano. Devemos tocá-lo, meditá-lo e assimilá-lo para não ficarmos apenas atentos às novidades e mudanças, mas sobretudo para saborearmos a beleza da liturgia e recuperarmos nosso encanto para com os ritos da Igreja Católica”, disse.

O secretário-geral e presidente da Edições CNBB, dom Ricardo Hoepers, apresentou durante a cerimônia dados mais técnicos e curiosidades sobre a edição do Missal Romano à qual classificou como “primorosa”.  Dom Ricardo enfatizou ainda a estratégia e o processo logístico pensando para fazer o missal chegar a todas as dioceses do Brasil até o dia 3 de dezembro, primeiro domingo do Advento, prazo estabelecido para que todas as comunidades católicas celebrem unidas a partir desta terceira edição do Missal Romano.

Confira, abaixo, a íntegra da cerimônia de lançamento:

 

Reunião do Consep

A reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) acontece na sede da CNBB, dias 19 e 20, com a seguinte pauta: 3ª Edição Típica do Missal Romano, Campanha da Fraternidade 2025, convênios com Timor-Leste e Moçambique, Mês da Bíblia (2023 e 2024) – Carta aos Efésios, Comissão para o Jubileu da Esperança, Igreja Sinodal e Sínodo – outubro de 2023 e 2024, Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi e comunicações das Comissões Episcopais e articulação Pastoral da Moradia e Favela.

 

 

 

 

O Missal, livro de oração da Igreja

Fundamentado na Palavra de Deus, o Missal é o conjunto daqueles textos nos quais a Igreja reconhece sua fé e com os quais se identifica. Ele testemunha a unidade entre a oração da Igreja (lex orandi) e a fé da Igreja (lex credendi). Sendo compreendido como ordo orationis, isto é, como norma das palavras (textos) e norma dos gestos (rito) é, portanto, o lugar testemunhal da relação entre lex orandi e lex credendi. Desse modo, é a oração que indica a justa maneira de crer.

A Igreja sentiu que nem todas as orações podiam ser oração litúrgica, por isso, aquilo que não foi inserido nos eucológicos, sacramentários e missais antigos não possui o estatuto de oração litúrgica. O Missal Romano como o conhecemos hoje, contendo orações presidenciais, antífonas, hinos, é uma herança medieval, nascida da antiga arte da liturgia de saber costurar formas e fórmulas. Com isso, a Igreja quando nos entrega o Missal, nos diz: aqui e não em outro lugar está contida a nossa forma de oração.

Se as Escrituras e a Tradição são a regula fidei, o Missal é, certamente, a regula orationis, isto é, o modelo, o critério, a norma da oração cristã. Ele ensina a gramática da oração: o que é a oração do cristão, a quem dirigir a oração, como ela se formula, o que pedir. Nesse sentido, o Missal é o instrumento que guarda a impressão originária da oração cristã, de modo que a oração de cada cristão possa ser a reprodução fiel e a imagem originária.

A constituição conciliar Sacrosanctum Concilium, com o objetivo de tornar possível a participação ativa, consciente e plena de todo o povo de Deus no Mistério Pascal de Cristo, celebrado nos ritos e nas preces da liturgia (cf. SC 47-48), ordenou algumas modificações no Ordinário da Missa (cf. SC 50). Assim, decretou que fosse “revisto” para dar mais sentido e clareza à sequência ritual (Ritos Iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia Eucarística, Ritos da Comunhão e Ritos Finais), bem como às suas conexões. Para isso, era necessário conservar a substância dos ritos, simplificar, suprimir os acréscimos duplicados ao longo dos séculos, restituir alguns elementos perdidos da tradição.

O Missal reformado por vontade do Concílio Vaticano II, promulgado no dia 26 de março de 1970, com uma segunda edição típica lançada em 1975 (editio typica altera), foi preparado gradativamente. Novidade absoluta trazida pelo Concílio Vaticano II, a possibilidade da celebração dos divinos mistérios nas línguas locais encontrou grande receptividade em todos os povos. A versão “brasileira” do Missal veio à luz em 1973, sendo dom Aloísio Lorscheider († 2007) presidente da CNBB e dom Clemente Isnard († 2011) presidente da Comissão Nacional de Liturgia, e começou a ser usada no primeiro domingo do Advento daquele ano, enquanto a segunda edição, atualmente em uso, calcada sobre a segunda edição típica latina de 1975, só apareceu em 1992.

A Igreja no Brasil espera, com uma certa ânsia, que venha à luz a terceira edição típica em língua “brasileira”. Desse modo, aqui queremos apresentar alguns detalhes do sentido teológico, do percurso histórico e da eficácia sacramental desse livro litúrgico que acompanha a vida das nossas comunidades de fé, servindo como o modelo da nossa prática celebrativa do Mistério Pascal de Cristo.

 

Comissão Episcopal para a Liturgia

CNBB lança tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano na terça-feira, 19

CNBB lança tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano na terça-feira, 19

 

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança oficialmente na próxima terça-feira, 19 de setembro, a tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano, às 10h30, no auditório dom Hélder Câmara, na sede da CNBB, em Brasília (DF). A cerimônia acontece dentro da reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) e é organizada pela Assessoria de Comunicação, Edições CNBB e Comissão Episcopal para a Liturgia.

O secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, convoca à participação e salienta que é com muita alegria e dedicação, depois de anos de trabalho, que se apresenta a terceira edição típica do Missal. “É um momento emocionante para toda a igreja no Brasil, pois muitos foram os que colaboraram para que esta obra chegasse nas nossas comunidades, paróquias e dioceses”, disse.

O lançamento será transmitido, ao vivo, pela emissora Rede Vida de Televisão,  redes sociais da CNBB (Youtube e Facebook) e Edições CNBB. Participam da cerimônia o Núncio Apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro; o arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB, dom Jaime Spengler; o bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB e presidente da Edições CNBB, dom Ricardo Hoepers, e o presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia, dom Hernaldo Pinto de Farias.

Veja o convite do secretário-geral da CNBB:

Missal Romano

Na liturgia da Igreja, o Missal Romano é o segundo livro litúrgico mais importante. Nele, estão as orações e orientações para as celebrações eucarísticas. O Evangeliário, que traz os textos do Evangelho, é o livro mais importante nos ritos da Igreja.

A tradução brasileira desta terceira edição do Missal Romano levou 19 anos de trabalho. A jornada começou após a promulgação, em 2002, pelo Papa João Paulo II, da nova edição típica. Desde então, foram anos de intenso trabalho de tradução, revisão e aprovação do conteúdo do Missal, coordenados pela Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel).

A terceira edição típica do Missal Romano foi aprovada pelos bispos na 59ª Assembleia Geral da CNBB e encaminhada ao Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em dezembro de 2022. A confirmação da Santa Sé foi publicada no dia 17 de março deste ano.

Edições CNBB publica “Orações Eucarísticas para a concelebração” e o “Rito da Missa celebrada com o povo”

Edições CNBB publica “Orações Eucarísticas para a concelebração” e o “Rito da Missa celebrada com o povo”

 

A Edições CNBB lançou mais duas publicações vinculadas à terceira edição típica do Missal Romano: “Orações Eucarísticas para a concelebração” e o “Rito da Missa celebrada com o povo”.  De acordo com o diretor geral da Edições CNBB, monsenhor Jamil Alves de Souza, após o encerramento do processo editorial do Missal Romano, que está sendo enviado às dioceses, a equipe passou a trabalhar em outras publicações ligadas ao missal.

“São dois subsídios – “Orações Eucarísticas para a concelebração” e o “Rito da Missa celebrada com o povo” – que a Edições CNBB, com carinho, com prazer e alegria, entrega hoje para a Igreja no Brasil”, reforça.

Orações Eucarísticas para a concelebração

O presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB, dom Hernaldo Pinto Farias, explica na apresentação do subsídio, que decidiram publicar o livro para facilitar a participação dos concelebrantes quando do seu ministério à Mesa Eucarística.

A publicação destina-se às dioceses e paróquias, especialmente aquelas que reúnem o maior número de concelebrantes, para que tenham um material para acompanhar todo o desenvolvimento da Oração Eucarística.

O “Orações Eucarísticas para concelebração” é o livro no qual os presbíteros que acompanham o presidente, o celebrante principal, possam, desde o prefácio até o final da oração eucarística escolhida, acompanhar com um livro bem feito e apropriado para enaltecer o que está sendo realizado: o mistério Eucarístico de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Rito da Missa celebrada com o povo

O diretor geral da Edições CNBB explica que também foi feito um processo editorial e já está disponível para encomenda o “Rito da Missa celebrada com o povo”, destinado ao acompanhamento, pelo povo de Deus, dos ritos que vão participar durante a celebração eucarística.

Como adquirir?

Os subsídios “Orações Eucarísticas para a concelebração” e o “Rito da Missa celebrada com o povo” podem ser adquiridos no site da Edições CNBB (www.edicoescnbb.com.br)

 

 

Comunidades têm até primeiro domingo do Advento para começar a usar nova tradução do Missal Romano

Comunidades têm até primeiro domingo do Advento para começar a usar nova tradução do Missal Romano

 

A Comissão Episcopal para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresentou, no início deste segundo dia de 60ª Assembleia Geral, 20 de abril, o processo de adaptação da Igreja do Brasil à tradução brasileira da terceira edição do Missal Romano. Como foi decidido na última reunião do Conselho Permanente da CNBB, realizada em março, as comunidades de todo país têm até o Advento para começar a utilizar os novos textos nas celebrações da missa.

O uso dos textos da terceira edição serão facultativos até o primeiro domingo do Advento e depois será obrigatório”, explicou o bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão para a Liturgia, dom Edmar Peron.

Na missa de ontem, 19 de abril, primeiro dia de assembleia, os bispos já utilizaram os textos da tradução brasileira na Missa com Vésperas, na Basílica Nacional de Aparecida. A celebração marcou o início do uso da terceira edição do Missal Romano no Brasil, cujo processo de tradução e aprovação levou 19 anos.

Dom Edmar explicou que não se trata de um “novo missal” inaugurando uma nova forma de liturgia, como em 1965 pós Concílio Vaticano II, mas a tradução da terceira edição típica do Missal Romano, “o missal pós Concílio Vaticano II, também chamado Missal de Paulo VI”, ressaltou. A terceira edição foi promulgada em 2002 por São João Paulo II e revisada em 2008, com o objetivo de incorporar as disposições litúrgicas e canônicas desde a segunda edição típica, de 1975.

“A Igreja é dinâmica”, afirmou dom Edmar, e precisava incorporar essa dinâmica nos textos do missal. Mas o trabalho das conferências não foi apenas inserir coisas novas, ressaltou, mas principalmente revisar a tradução do missal.

Dom Edmar apresenta prazo para uso do Missal Romano | Foto: Victória Holzbach/CNBB Sul 3

 

Recepção nas comunidades

Dom Edmar apresentou três aspectos fundamentais para a recepção do missal nas comunidades. O primeiro é ter claro que o livro por si só não basta, é preciso “passar do livro à celebração”. E aí o papel fundamental do bispo em promover uma educação litúrgica. “Nós somos, pela Cristus Dominus, moderadores, promotores e guardiães de toda vida litúrgica da nossa Igreja”, reforçou dom Edmar. 

O segundo aspecto é rever o modo de bem celebrar a liturgia. Esta é, explica, um evento de salvação e não apenas rubricas a serem seguidas. “Não celebramos para observar rubricas, celebramos com elas o evento de salvação. Rito não é rubrica a ser observada, mas uma ação de Cristo e da Igreja a ser celebrada”, destaca dom Edmar.

Por fim, não haverá recepção autêntica do missal se este não se tornar fonte da vida espiritual. Segundo a Sacrossantun Conciliun, cita o bispo, a “plena e ativa participação de todo o povo” possibilita que a Liturgia seja, de fato a primeira fonte onde os fiéis vão beber o “espírito genuinamente cristão” (14).

“A meditação contínua (uma “leitura orante”) dos textos do missal o tornarão novos e fonte de nossa vida espiritual”, concluiu dom Edmar. 

Folhetos diocesanos

Os textos do missal serão disponibilizados integralmente pelas Edições CNBB às dioceses que têm folhetos próprios das missas, em tempo hábil para atender a obrigatoriedade do uso no primeiro domingo do Advento. As dioceses podem entrar em contato com a editora para solicitar o material. 

Relatório da Comissão para a Doutrina da Fé

Ainda na primeira parte da manhã, a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé apresentou um relato, como última contribuição aos bispos antes da nova eleição. O bispo da diocese de Santo André (SP) e presidente da comissão, dom Pedro Carlos Cipollini, partiu de uma análise da fé num momento de mudança de época para falar de luzes e sombras na vida de fé da Igreja. Dom Pedro apontou questões desafiadoras que exigem “reflexão e vigilância constante”. 

“Muitos já separaram a vivência da fé, a prática da fé, da religião e da própria vida”, falou dom Pedro. “É preciso, portanto, retomar, recomeçar, a partir de Jesus Cristo (CELAM, Documento de Aparecida, 244-245). Voltar a Jesus Cristo, às origens é voltar ao essencial, retomar o ‘coração da fé’, ao Evangelho do Reino.” Por isso, é preciso transmitir “uma fé capaz de dar esperança para sustentar a vida do povo”.

“Confiemos na ação do Espírito, enviado sobre os apóstolos em Pentecostes”, concluiu dom Pedro Cipollini.

Dom Pedro Carlos Cipollini, presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB | Victória Holzbach/CNBB Sul 3

 

Por Juliana Mastelini Moyses/Arquidiocese de Londrina (PR)